A MENTE E O OBSERVADOR (OSHO)
10/02/2017 16:41
A mente é uma ótima serva, um ótimo computador. Use-a, mas lembre-se de que ela não pode dominar você. Lembre-se de que tem que continuar sendo capaz de ficar consciente, de que ela não pode tomar posse de você totalmente, de que ela não pode se tornar tudo, de que a porta precisa ser deixada aberta para que você possa sair do robô. Essa abertura da porta é chamada Meditação.
Não rejeite a mente — entenda-a. Quando entende algo, você vai além disso — isso fica abaixo de você. A mente tem sua utilidade — uma grande utilidade. Não existiriam qualquer ciência sem a mente, qualquer tecnologia.
Todos os confortos do ser humano desapareceriam sem a mente humana. O homem regrediria para o mundo dos animais ou até para um mundo ainda mais inferior. A mente nos deu muito. O problema não é a mente. O problema é a sua identificação com ela. Você acha que você é a mente — aí está o problema. Pare de se identificar com a mente. Seja o observador e deixe-a funcionar — sob sua vigilância, seu testemunho, sua observação. Uma
diferença radical ocorre por meio da observação.
A mente funciona com muito mais eficácia quando você a observa, porque todo o lixo é descartado e ela não precisa carregar um peso desnecessário — fica leve. E quando você se torna um observador, a mente também pode ter algum descanso. Do contrário, durante toda a vida a mente trabalha, dia após dia, ano após ano. Ela só pára quando você morre. Isso cria uma fadiga profunda, uma fadiga mental.
Agora os cientistas estão dizendo que até os metais se cansam — existe a chamada "fadiga do metal". Então o que dizer da mente, que é extremamente sutil, que é tão delicada? Trate-a com cuidado. Mas continue à distância, indiferente, desapegado. Quando escreve, você não se torna a caneta, embora não possa escrever sem ela. Uma boa caneta é essencial para uma boa escrita. Se você começar a escrever com os dedos, ninguém entenderá o que escreveu, nem mesmo você, e será muito primitivo. Mas você não é a caneta e a caneta não é o escritor, é só um instrumento para escrever.
A mente não é o mestre, mas só um instrumento nas mãos do mestre. Treinar a mente para a concentração é muito difícil: ela se revolta e continua a recair em antigos hábitos. Você a segura novamente e ela escapa. Você a leva para o assunto no qual estava concentrado e, de repente, descobre que ela está pensando em outra coisa — já até esqueceu em que estava concentrado. Não é uma tarefa fácil. Mas colocá-la de lado é algo extremamente fácil — não é nada complicado. Tudo o que você tem que fazer é observar. Seja o que for que esteja passando na sua cabeça, não interfira, não tente detê-la, Não faça nada: qualquer coisa que fizer vai virar uma disciplina. Então não faça absolutamente nada. Só observe.
O que há de mais estranho sobre a mente é que, se você se tornar um observador, ela começa a desaparecer. Assim como a luz dispersa a escuridão, a atenção plena dispersa a mente, seus pensamentos, toda a sua parafernália. Intelecto é pensamento. A consciência é descoberta em um estado de não-pensamento: no silêncio total em que nenhum único pensamento causa perturbação. Nesse silêncio você descobre seu próprio ser — ele é tão vasto quanto o céu. E conhecê-lo é entrar em contato com algo que realmente vale a pena. De outra maneira, todo o seu conhecimento é lixo. Seu conhecimento pode ser útil, mas não vai ajudá-lo a transformar o seu ser. Ele não pode lhe trazer satisfação, contentamento, iluminação, a ponto de você poder dizer: "Estou em casa."
Seus pensamentos não são você. Existe um tráfego constante. Na sua tela mental, tantos pensamentos estão passando, mas você não é um deles. Você é a testemunha, está de fora. Está vendo esses pensamentos passarem. Nada que possa ver pode ser você. Esse deve ser o critério: nada que testemunhe pode ser você. Você é a testemunha.
OSHO - Faça o seu Coração Vibrar'